Caros leitores, pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificaram novas pistas
de como o parasita causador da leishmaniose invade as células de defesa
do organismo e, uma vez no interior delas, retarda a ativação do arsenal
imunológico que deveria eliminá-lo.
Imagem ampliada 7.500 vezes mostra as bolsas (vacúolos) formados pelo protozoário L. amazonensis (vermelho), agente causador da leishmaniose cutânea, dentro de macrófago de camundongo (cinza). Fernando Real/CNPQ |
O grupo coordenado pela bióloga Diana Bahia sequenciou o material genético do protozoário Leishmania amazonensis
– espécie encontrada predominantemente na Amazônia que provoca uma
forma mais rara e deformante de leishmaniose cutânea – e comparou com o
de uma espécie-irmã, exclusiva da América Central, também marcada pelo
desenvolvimento de lesões na pele semelhantes às da hanseníase. Um dos
objetivos era identificar os genes, e consequentemente as proteínas por
eles codificadas, que permitiriam ao parasita viver camuflado no
interior das células de defesa, sem prejudicar o hospedeiro.
Usando
ferramentas de bioinformática, os pesquisadores chegaram a duas
proteínas candidatas a explicar por que o parasita consegue conviver
harmoniosamente com as células que deveriam matá-lo. Essas proteínas
pertencem à classe das chamadas heat-shock proteins, que também são produzidas pelo hospedeiro do parasita – em geral, roedores e seres humanos.
Em
colaboração com grupos do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e
do Laboratório de Genômica e Expressão da Universidade Estadual de
Campinas, a equipe obteve indícios de que a proteína fabricada e
liberada pelo protozoário parece imitar a do hospedeiro. Os
pesquisadores suspeitam que essa imitação permitiria a ligação dessas
proteínas a componentes do arsenal imunológico do indivíduo infectado,
bloqueando sua ativação e silenciando a resposta inflamatória.
As
suspeitas dos pesquisadores ainda precisam ser comprovadas
experimentalmente. Um dos próximos passos agora é isolar as bolsas
(vacúolos) formadas por essa espécie de Leishmania e tentar mapear seus componentes.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP
Por Beatriz Camargo - Biomédica - CRBM 2286
Atenciosamente, Rafael Silva Brandão - Biomedicina
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