Caros leitores, segue uma revisão bibliográfica sobre a fisiologia dos esteróides anabólicos androgênicos. Espero que seja útil.

No organismo masculino, a testosterona
é o esteróide sexual endógeno mais abundante, a ponto de ser considerada o
hormônio testicular fundamental. Cerca de 95% da testosterona circulante é
secretada pelos testículos e apenas 5%, pelas glândulas supra-renais. A
concentração de testosterona na circulação sangüínea é cerca de dez vezes maior
do que a de DHT , sendo esta mais potente do que a própria testosteron. Na
mulher, estes hormônios também são produzidos, entretanto em menores
quantidades, pelas glândulas supra-renais.
(Guyton, Hall, 1997).
(Guyton, Hall, 1997).
No homem, as células testiculares
secretoras de testosterona são denominadas células intersticiais de Leydig e
são estimuladas pelo hormônio luteinizante (LH) hipofisário. Desta forma, a
quantidade de testosterona secretada aumenta aproximadamente em proporção
direta à quantidade de LH disponível. A testosterona, secretada pelos
testículos em resposta ao LH, exerce efeito recíproco de inibir diretamente a
secreção de LH pela hipófise anterior. Porém, a maior parte dessa inibição
resulta do efeito direto da testosterona sobre o hipotálamo, diminuindo a
secreção do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH). Isso, por sua vez,
causa diminuição correspondente da secreção de LH e de hormônio
folículo-estimulante (FSH) pela hipófise anterior. Toda vez que a secreção de
testosterona está alta, esse efeito automático de retroalimentação negativa,
operando através do hipotálamo e da hipófise anterior, reduz a secreção de
testosterona para o nível desejado.(Guyton, Hall, 1997).
Por outro lado, quando há baixas
concentrações plasmáticas de testosterona, o hipotálamo é estimulado a secretar
maior quantidade de GnRH, com aumento correspondente na secreção de LH e de
FSH, e conseqüente aumento da secreção testicular de testosterona. O FSH,
secretado pela hipófise anterior, liga-se a receptores específicos de FSH nas
células de Sertoli dos túbulos seminíferos. Essa ligação determina o
crescimento das células de Sertoli, que passam a secretar várias substâncias
espermatogênicas. Simultaneamente a testosterona e a DHT, ao se difundirem das
células de Leydig testiculares para o interior dos túbulos seminíferos, também
exercem efeito trófico sobre a espermatogênese. Por conseguinte, para iniciar a
espermatogênese, tanto o FSH quanto a testosterona são necessários. (Stimac et al., 2002).
A testosterona e seus derivados circulam livremente na corrente
sangüínea ou ligados a uma proteína plasmática. Quando atingem a célula-alvo
desligam-se da proteína transportadora e, devido à sua característica
lipossolúvel, atravessam com relativa facilidade a bicamada lipídica da
membrana plasmática. No citoplasma da célula, interagem com um receptor
específico, formando um complexo hormônio-receptor com alta afinidade pelo núcleo
celular.(Guyton, Hall, 1997).

Os hormônios androgênicos são
essenciais durante toda a vida do homem. Durante a fase intra-uterina, a
testosterona liberada pelo feto é responsável pela diferenciação da genitália
externa e interna (efeitos organizacionais).Por outro lado, na ausência da
testosterona, a genitália desenvolve-se no padrão feminino. Os hormônios masculinos também atuam
sobre um grande número de tecidos-alvo não reprodutivos, incluindo os ossos,
tecido adiposo, músculo esquelético, cérebro, próstata, fígado e rins. Como
existe maior número de receptores para a testosterona nos órgãos sexuais, as
respostas androgênicas serão mais intensas do que as anabólicas nestes tecidos.
Ao contrário disso, nos músculos cardíaco e esquelético as ações anabólicas
serão mais evidentes. (Stimac et al., 2002)
Efeitos adversos
Os efeitos colaterais associados ao uso
indiscriminado dos EAA são dose e período-dependentes. No homem, os principais
efeitos adversos são: atrofia do tecido testicular, causando infertilidade e
impotência, tumores de próstata, ginecomastia, devido à maior quantidade de
hormônio androgênico convertido a estrogênio, pela ação da aromatase;
dificuldade ou dor para urinar e hipertrofia prostática. Na mulher,
manifesta-se a masculinização, evidenciada pelo engrossamento de voz e
crescimento de pêlos no corpo no padrão de distribuição masculino;
irregularidade menstrual e aumento do clitóris (Wu, 1997).
Outras alterações,
comuns a ambos os sexos, que também podem manifestar-se são: calvície,
aparecimento de erupções acnéicas; fechamento epifisário prematuro, aumento da
libido; ruptura de tendão, devido ao aumento exagerado de massa muscular sem
equivalente desenvolvimento do tecido tendinoso (Johnson, 1985; Yesalis et
al., 1993); alterações no metabolismo lipídico, aumentando os níveis de LDL
(lipoproteína de baixa densidade) e diminuindo os de HDL (lipoproteína de alta
densidade) (Kuipers et al., 1991).
Além disso, a utilização de tais
substâncias está associada a um tipo de tumor de fígado, conhecido como peliose
hepática, cuja evolução resulta em hemorragia neste órgão que pode ser fatal
(Stimac et al., 2002).
Referências bibliográficas: (Wilson, Foster, 1988); (Guyton, Hall, 1997); (Stimac et al., 2002); (Wu, 1997); (Johnson, 1985; Yesalis et
al., 1993); (Kuipers et al., 1991) e google images.
Por Thamisa Cristofeane (8º semestre de Biomedicina), e participação de Henrique Moll e Rafael Silva Brandão (5º semestre de Biomedicina).
Atenciosamente, Rafael Silva Brandão - Biomedicina - UniCesp Promove de Brasília
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