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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Um pouco mais sobre a báctéria bacilar Gram negativa Escherichia coli



Bem, embora a maioria das variedades de Escherichia coli seja inofensiva, outras podem provocar doenças. Alguns tipos de Escherichia coli podem causar diarréia enquanto outros provocam infecção urinária, doença respiratória, pneumonia abcesso no fígado, pneumonia, meningite, artrite e outras doenças. Há ainda outros tipos de Escherichia coli que são usados como marcadores de contaminação na água.

O tratamento com terapia não específica, incluindo hidratação, é importante. Antibióticos não devem ser usados no tratamento. Não existe evidência que tratamento com antibióticos ajude, e o uso poderia elevar o risco de síndrome hemolítico-urêmica. Agentes contra a diarréia, como Imodium®, também poderiam elevar esse risco. 

Existem várias cepas diferentes de E.coli responsáveis por quadros de diarréia, com diferentes graus de gravidade. Todas elas são adquiridas após ingestão de água contaminada com fezes. A contaminação através de alimentos também é comum e se dá por vegetais regados ou lavados com água contaminada ou alimentos crus ou mal cozidos preparados.

O diagnóstico é feito pela cultura de amostras dos líquidos infectados e observação microscópica com análises bioquímicas. São usadas técnicas genéticas para identificar genes presentes no genoma da E.coli.

A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. A E. coli é um dos poucos seres vivos capazes de produzir todos os componentes de que são feitos, a partir de compostos básicos e fontes de energia suficientes.

Todas as enterobactérias são anaeróbios facultativos e podem ser cultivados em diversos meios de cultura, como ágar MacConkey (meio seletivo) ou ágar sangue (não seletivo). Possuem exigências nutricionais simples, fermentam glicose e produzem ácido a partir dessa reação.

Diversos meios podem ser utilizados para diferenciar os gêneros pertencentes a essa família através de provas bioquímicas, como a capacidade e fermentar lactose, utilizar citrato, descarboxilar a lisina e outros. 

Provas Bioquímicas

A investigação das atividades metabólicas das bactérias “in vitro” é chamada de Provas Bioquímicas e servem para auxiliar a identificar grupos ou espécies de bactérias ou leveduras através da verificação das transformações químicas, que ocorrem num determinado substrato, pela ação das enzimas de um dado microrganismo. Como muitas vezes um determinado microrganismo possui um sistema enzimático específico, promovendo transformação bioquímica específica, as provas bioquímicas podem ser utilizadas na prática para a sua caracterização .


Professora Beatriz Camargo
Para a realização das provas bioquímicas é necessário utilizar meios de cultivo especiais contendo o substrato a ser analisado e fornecer ao microrganismo as condições nutritivas e ambientais necessárias ao seu desenvolvimento. 

As provas bioquímicas mais conhecidas são realizadas com base na: utilização de fontes de carbono, utilização de fontes de nitrogênio, produção de enzimas, motilidade.

A motilidade é observada através do aspecto do meio. Utiliza-se um meio semi-sólido o que permite o crescimento bacteriano no interior do meio, por todo o tubo. Se a bactéria for móvel (motilidade positiva), o aspecto do meio será turvo.Se a bactéria for imóvel (motilidade negativa), o crescimento só será observado no local de inoculação. Dica: observar os tubos contra uma folha de papel pautado, se conseguir observar as linhas através do tubo é motilidade negativa.

Prova da citocromo-oxidase - Este sistema enzimático está relacionado com os citocromos da cadeia respiratória de alguns microrganismos. A prova consiste em colocar uma gota do reagente incolor tetrametil p-fenileno de amina, recém preparado e protegido da luz, em um papel de filtro. Em seguida, várias colônias do microrganismo em estudo são espalhadas sobre a área do papel de filtro contendo o reagente, utilizando uma alça de platina ou um bastão de vidro. A prova é considerada positiva quando na mistura do reagente com a massa bacteriana desenvolve-se a cor púrpura em até 1 minuto. Na reação negativa não há desenvolvimento de cor púrpura.
As enterobactérias são oxidase negativas e podem ser diferenciadas de outros bacilos Gram negativos. A prova pode ser feita também em culturas em meios sólidos, adicionando-se o reagente oxalato de p-aminodimetilanilina. A reação inicia-se com o desenvolvimento de cor rósea, marrom e finalmente uma coloração negra na superfície das colônias é indicativa da produção de citocromo-oxidase, representando um teste positivo. O teste é negativo se não ocorrer alteração da cor ou houver o desenvolvimento de uma cor rósea pálida.













Utilização do citrato como única fonte de carbono - Alguns microrganismos como a E. coli não possuem a permease do citrato, que faz o transporte do citrato para o interior da célula, não conseguindo portanto crescer no meio contendo como única fonte de carbono o citrato, embora possuam as enzimas, intracelulares, que degradam o citrato. A prova é feita semeando-se a bactéria no meio sólido inclinado de citrato de Simmons, contendo azul de bromotimol como indicador, o qual em pH 6,8 a 7,0 apresenta-se verde.

A prova positiva resulta no transporte do citrato pela permease e a sua utilização pela enzima citratase resulta na formação de oxaloacetato e acetato. O consumo do citrato induz a clivagem do fosfato de amônia, alcalinizando o meio. Também, com o metabolismo do citrato há formação de carbonatos que alcalinizam o meio, de modo que a cor do indicador vira para azul. Na prova negativa o meio não se altera pois não há crescimento microbiano. Por esse motivo a inoculação deve ser feita com agulha e em linha reta para não haver influência de ingrediente do meio de onde se originou a cultura, dando resultados falso-positivos.


Referências bibliográficas:

ALMEIDA, A et al. Bioplásticos: una alternativa ecológica. Revista QuímicaViva. set. 2004 
Murray, Patrick R. Microbiologia Médica. 4ª ed. [S.l.]: Elsevier, 2004.
  

Atenciosamente, Rafael Silva Brandão - Biomedicina